A IGREJA SEGUE CAMINHANDO

“Quer nas lutas, quer nas provas, a Igreja segue caminhando”

Essa frase é de um hino da minha infância. Falava de uma igreja que não temia diante dos problemas. Era a Igreja Militante, lutando e vencendo os obstáculos até o dia em que se tornasse Igreja Triunfante, diante de Deus, com os santos em glória, aguardando a ressurreição. Igreja que tem essa convicção, luta com fé no Senhor e nada a impedirá de enfrentar as portas do inferno e resgatar vidas perdidas. Canta outro hino: “Ninguém detém, é obra santa”.

Mas a Igreja contemporânea está exausta de lutar contra os valores mundanos e dá sinais de cansaço. Acanhadas pelos baixos resultados dos métodos tradicionais, muitas denominações preferem aderir aos modelos seculares de organização empresarial. Outras adotam método de programação neurolinguística e confissão positiva. É aquele modelo em que o/a pregador/a insiste: “Diga ao seu irmão ou à sua irmã ao seu lado: ‘Eu quero, eu posso, eu vou conseguir’”. É a chamada fé na fé. As coisas vão acontecer porque você determinou, profetizou e decretou. Agora o fiel “move o sobrenatural”, manda e as coisas acontecem. Eis a confissão positiva.

Há quem entenda que o problema esteja no nome da igreja ou na herança dos missionários fundadores e resolve mudar. Troca-se nome de placa, cor das paredes, das cadeiras e dá uma incrementada na iluminação.

Púlpito vira palco. Pastor vira recreador. Sacerdote vira pop star. Sermão vira palestra de auto-ajuda. A Cruz é suplantada pela cortina de fumaça. O Credo cede lugar aos gritos de aha, ihi, uhu, fiu-fiu, uau… Eis o retrato do que se vê em muitos dos cultos contemporâneos pelo Brasil e no mundo.

Alguém pergunta se isso altera o Evangelho. Para ser franco, o Evangelho não pode ser mudado. Ou é ou não é. Qualquer outra coisa seria o “outro evangelho” do qual falou o Apóstolo Paulo. Seja como for, a igreja não poderá abrir mão de três lugares teológicos: 1) o Éden e a narrativa da queda; 2) o Calvário e o sacrifício de Cristo; 3) a Cidade celestial e a salvação dos eleitos. Todas as outras doutrinas são derivações ou explicações dessas três.

Quem abrir mão de um desses três pilares já não terá mais o que pregar. Pode transformar seu espaço em escola, restaurante, cinema, teatro ou sindicato. Lugares muito importantes para a formação humana, mas que não são a igreja. Independente dos modismos, a Igreja de Cristo seguirá adiante, apesar de nós. Aliás, ela avançará sempre, conosco ou sem nós.

Convém lembrar o que dizia Dom Robinson Cavalcanti: “Podemos e devemos nos utilizar das ferramentas da teologia para analisar a Igreja. Mas façamos uma análise com a Igreja, na Igreja e pela Igreja. Jamais contra a Igreja, nem fora da Igreja, pois ela é o corpo de Cristo e nós, os seus membros”.

Esta análise é de alguém que ama a Igreja. O conteúdo do Evangelho é intocável. O que questionamos é o formato, pois somos daqueles que entendem ser a forma também importante para comunicar a mensagem de Cristo Jesus e “adorar ao Senhor na beleza da santidade”.

Aqui chegamos. Aqui nos estabelecemos. Aqui permanecemos. Com a ajuda de Deus. Amém!

IGREJA ANGLICANA EM CASCAVEL

Rev. Marialvo Rodrigues

Autor: Rev. Maurício Amazonas, OSE

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