Abordagem educativa orienta a não ultrapassar limites de velocidade e a cultivar empatia no trânsito

Mudança de comportamento é fundamental para garantir a vida e a boa convivência no trânsito
 “O motorista precisa tomar ciência do que está fazendo na estrada; respeitar o ser humano que está passando na frente dele; principalmente os motoqueiros (motociclistas)”. Esse é o pedido feito hoje (24) pela dona de casa Aparecida Fidelis Alcântara. Ela mora na esquina das ruas Recife com Flamboyant, no Bairro Coqueiral, local que recebeu nesta manhã a Operação Cidadão em Trânsito, da Transitar, para alertar motoristas e motociclistas a não ultrapassar limites de velocidade estabelecidos em cada via. Agentes de trânsito aproveitaram para incentivar o cultivo da empatia, visando à mudança de comportamento e a um trânsito mais gentil e seguro.

O endereço da educativa está em terceiro lugar no ranking da violência do trânsito em Cascavel. Quase que diariamente Aparecida Alcântara testemunha algum tipo de acidente na porta de casa. A grande maioria, por imprudência. “É um desrespeito total à sinalização. Em todos os sentidos, muitos nem param. Tem dias que eu tenho medo de sair na rua quando dá quatro horas da tarde, tanto aqui como ali na Recife”, contou, aprovando a presença dos agentes no local. Para ela, mudança de comportamento é fundamental para transformar essa realidade.

A constatação da moradora faz sentido. As ações organizadas pelo setor de Educação de Trânsito visam justamente a uma revisão de atitude de todos os envolvidos no trânsito, principalmente de quem está conduzindo um veículo. Estatísticas revelam que a falta de atenção, aliada ao excesso de velocidade, tem enlutado muitas famílias ou deixado muitas vidas em leitos hospitalares.

De janeiro a novembro deste ano já são 57 mortes no trânsito de Cascavel. Com a morte de mais um motociclista ontem (23), agora são 26 ocupantes de motocicleta (22 condutores e quatro passageiros) que perderam a vida em vias, seja no perímetro urbano ou no trecho das rodovias. “Não são números, são vidas, e cabe a todos nós mudarmos juntos essa realidade; não queremos achar culpados e, sim, evitar novas tragédias”, enfatizou a encarregada do Setor de Educação de Trânsito, Luciane de Moura.

A Transitar recebe, diariamente, pedidos de instalação de semáforos inclusive em cruzamentos nos bairros. Segundo Luciane, “caso fosse viável tecnicamente atender a todos, encheríamos a cidade de semáforos e acabaríamos com a fluidez, e ainda assim, de nada adiantaria modificar as vias se não investíssemos no fator humano, que é o que precisa ser modificado. Nós trabalhamos o tripé de educação, junto com as ações de engenharia de trânsito e de fiscalização de trânsito, visando a uma atuação completa; estamos com um novo plano de mobilidade em andamento, mas precisamos que a comunidade seja participativa, contribuindo com mudança de atitude e de mentalidade também”.

Comportamento é fator de risco

O empresário Charles Frederico Antonele passou pela educativa e elogiou a iniciativa. Ele contou que viaja por diversas regiões e considera o trânsito de Cascavel diferenciado no comportamento dos motoristas. “Somos líder em acidentes em relação aos locais que viajo. Neste cruzamento mesmo, já vi vários acidentes. O comportamento dos motoristas, sem dúvida, é um dos fatores de risco, associado à falta de atenção provocada pelo uso de celular e o excesso de velocidade”.

Imprudência x vida no trânsito

Para se ter uma ideia, mesmo em ano de pandemia – em que o número de veículos circulando nas vias foi menor – registrou-se até o momento uma queda de apenas 2,08% nas infrações por excesso de velocidade na fiscalização eletrônica do Município. De janeiro a outubro de 2019, foram 20.173 infrações. Em igual período deste ano, o número caiu para 19.755 infrações, o que ainda é considerado elevado.

O ponto mais crítico reside no fato do aumento da velocidade ampliar não só o risco de acidentes, mas a gravidade do mesmo. De acordo com Luciane de Moura, conforme aumenta a velocidade, o igualmente aumenta o tempo de frenagem e, assim, a probabilidade de perda de controle do veículo, o que acarreta em perda de aderência do pneu ao solo, suspendendo-o. O condutor, ao avistar o obstáculo (pedestre, veículo, construção), demora alguns segundos para reagir e acionar os freios. “Assim, quanto maior a velocidade, maior a distância para a frenagem. Lembrando que a visão também fica reduzida e, quanto maior a velocidade, maiores as chances de óbito em caso de atropelamento, por exemplo”, orienta.

Amanhã tem mais

Nesta quarta-feira (25), às 10 horas, agentes de trânsito estarão na Rua Rio Grande do Sul – na Praça Wilson Joffre. Na abordagem condutores serão orientados a manter distância do celular enquanto estão na direção e, assim, reduzir riscos de acidentes.

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